por Jamille Farath, proprietária da CrossFit Mogi das Cruzes e do Studio de Pilates Quintal
“Quanto mais estudo o corpo e o movimento, mais me surpreendo. No último Congresso Internacional de Pilates que participei, encontrei textos iluminados, vindos de livros de biomecânica e anatomia e fiquei maravilhada com tamanha força e proteção que o corpo exerce sobre ele mesmo.” Jamille Farath
Uma das principais funções da coluna vertebral é proteger e medula espinhal contra traumas. Sua estrutura é segmentada, formada por vértebras ligadas por discos intervertebrais, com uma geometria que lhe confere uma relativa estabilidade, sendo capaz de se manter ereta e não colapsar mesmo se tirada toda sua estrutura muscular.
Ela realiza movimentos em todos os planos e eixos, apesar de ser uma estrutura anaxial (sem eixo), ela é capaz de estender e flexionar tanto no eixo frontal como no lateral, além de realizar rotações.
Entre cada vértebra encontra-se um disco, que atua como um tampão contra a gravidade e torções, funcionando como um amortecedor de choques transmitido à coluna vertebral, o que coloca a coluna como uma peça de tecnologia brilhante se comparada aos feitos da engenharia mecânica.
Medições de resistência discal mostram que o anel fibroso suporta de 15 à 50kg/cm2, enquanto o corpo vertebral, os ossinhos arredondados das vértebras, de 8 a 10kg/cm2.
Foram vistas falhas na placa da extremidade discal com o uso de aproximadamente 850 Newtons (N) de força, cerca de 85kg em níveis cervicais e 3000 N em níveis lombares, perto dos 300kg.
Para a maioria das pessoas isso é mais do que o suficiente, já para alguns atletas e levantadores de peso que conseguem levantar mais de 85kg acima da cabeça ou levantar 300kgs no terra, dependem de adaptações que ocorrem nessas estruturas e também do fortalecimento da musculatura anexa, que distribui a carga de uma forma mais equilibrada pelo corpo. Por isso, é sempre importante fortalecer e mobilizar a coluna.
Desequilíbrios de força entre flexores e extensores de tronco podem ser indicativos de distúrbios na coluna lombar e a causa de dor e incapacidade de estabilizá-la.
Um estudo com 400 pessoas com dores lombares submetidas a exercícios de força para extensores de tronco mostrou que 80% delas relataram, após 8 semanas treinando 2 vezes por semana, a diminuição significativa dos sintomas. Alguns métodos de treinamento focam o desenvolvimento de força em tronco. O Pilates é um deles.
Foi visto que o “ponto final” do disco é semelhante ao do aço, e mesmo quando esse ponto é cedido, o disco ainda detém grande capacidade de se recuperar após repouso, sendo que sua eficiência mecânica pode ser melhorada com o uso, o que diminui a energia gasta para ele se regenerar. Quanto mais esses disquinhos maravilhosos da coluna são utilizados em exercícios estruturados, sistematizados e orientados, mais forte a coluna fica!
Todavia, quando há alguma falha em disco, quando aparecem prolapsos em locais específicos, isso se deve a fraquezas presentes.
Concluí-se que a coluna é mais forte e protegida do que pensamos, e torna-se cada vez mais forte e melhora sua capacidade de regenerar-se após esforço – lemos esforço como atividade física, ainda mais com exercícios de força.
Bibliografia:
PALASTANGA, N.; FIELD,D.; SOAMES, R. Anatomia e movimento humano estrutura e função. 3ed. MANOLE, 2000.