por Dr. Hugo Thomé
O CrossFit é uma atividade de alta intensidade e com amplo espectro de ação. Promove grande aumento na capacidade cardiorrespiratória, desenvolve a coordenação motora e a flexibilidade com precisão e equilíbrio, aumentando agilidade e velocidade ao mesmo tempo que é capaz de melhorar força, potência e resistência muscular. Desta forma, não é surpresa que, desde 2001, quando surgiu na Califórnia, venha conquistando cada vez mais fãs em todo o mundo. Entretanto, esta é realmente uma modalidade para qualquer pessoa?
O sistema cardiovascular, mediante atividades de alta intensidade, sofre diversas alterações pelo estresse a que é submetido. Estas modificações variam conforme o esporte e vão desde arritmias bradicárdicas (batidas lentas) e taquicárdicas (batidas rápidas demais) até miocardiopatia hipertrófica (quando fica inchado) ou dilatada (quando o coração cresce), podendo ocasionar a chamada Insuficiência Cardíaca. Se praticado de forma inadequada, o CrossFit pode desencadear quaisquer destas alterações.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, todos devem ser avaliados antes de iniciar a prática de esportes, desde os mais leves aos mais intensos, tanto de forma recreativa quanto competitiva. A grande importância desta avaliação e seu objetivo central é identificar condições cardiovasculares preexistentes que sejam incompatíveis com o tipo de treino pretendido, visando evitar a progressão de doenças e fundamentalmente à prevenção da morte súbita.
A avaliação é individualizada, com detalhamento da história do paciente assim como de seus familiares próximos e seus hábitos de vida. Somados a estes dados, o exame físico acrescenta valiosas informações que irão definir a necessidade de exames complementares. A recomendação formal da Sociedade Europeia de Cardiologia é que todos, independentes de idade, sejam submetidos ao eletrocardiograma de 12 derivações. Demais exames como teste ergométrico, holter, mapa, ecocardiograma e outros de maior complexidade são indicados conforme características pessoais.
O eletrocardiograma registra os potenciais elétricos do coração através de sensores no tórax e nos membros. Com ele, o cardiologista pode avaliar a frequência e o ritmo, a distribuição elétrica pelo sistema de condução, diagnosticar bloqueios e até aumentos do coração, assim como doenças genéticas desencadeadores de morte súbita.
O teste ergométrico em esteira é semelhante. Inicia-se com caminhada progredindo à corrida intensa em plano inclinado. Além do sistema elétrico, avalia a pressão arterial durante o exercício. Sua principal função é identificar arritmias e lesões que provocam infarto agudo do miocárdio.
De forma complementar, temos o Holter (registra o funcionamento elétrico cardíaco) e o MAPA (determina a variação da pressão arterial), ambos durante vinte e quatro horas consecutivas.
Outro exame de grande importância é o ecocardiograma. Através dele, é possível quantificar o tamanho e o formato do coração, avaliar a contração e o relaxamento do músculo cardíaco e determinar a função de cada uma de suas válvulas.
Para que seus treinamentos sejam bem sucedidos, produzam os resultados desejados e transcorram de forma segura, é fundamental realizar prévia avaliação por um médico cardiologista especialista e consecutivas reavaliações anuais. E mais: a prática desta modalidade deve ser supervisionada por um treinador capacitado a orientar e acompanhar o desenvolver de cada circuito. Desta forma, todos são candidatos a usufruir dos muitos benefícios do CrossFit!
Dr. Hugo Thomé
Cardiologista do Instituto do Coração – InCor USP
Chefe da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital da Força Aérea de São Paulo
Website: drhugothome.com
Instagram: @drhugothome
Consultório InCor: (11) 96681.0001